CHAPE x SAMARCO

É interessante fazer-se uma análise sobre o comportamento das pessoas frente aos dois acontecimentos.

Em ambos houve negligência das autoridades, irresponsabilidade dos operadores e mortes de pessoas que não tiveram oportunidade de opinar, muito menos de decidir, mas as reações são diametralmente diferentes.

As vítimas da SAMARCO eram roceiros anônimos, criadores de gado, agricultores familiares, gente sem destaque, de poucos recursos, que trabalhavam de escuro a escuro para prover de alimento as cidades em seu entorno.

Gente que ocupa a base da pirâmide social, numa palavra - dalits - na nossa sociedade de castas (nem sempre) veladas e, para essas, o esquecimento basta.

As vítimas do CHAPE são jogadores de futebol, profissão ambicionada por grande parte dos nossos jovens porque nela há disponibilidade de tudo o que há de melhor em termos de alimentação, cuidados médicos, salários estratosféricos para aqueles que demonstram maior habilidade com a bola e que despontavam no cenário nacional para serem endeusados pelo povo carente de gente digna para chamar de herói.

Dos primeiros, nem sabemos os nomes, mas dos jogadores, esses sim estão sendo veiculados em todos os jornais, maximizando o efeito manada nas homenagens que se fazem aos “guerreiros” da batalha sem glória ou significância, que tem duração de noventa minutos, no pequeno espaço de um campo de futebol.

Alimento ou diversão, qual deles é mais importante?