Instabilidade do eu
Não tenha medo do que você é, pois você pode mudar seus hábitos, suas perspectivas de vida, suas atitudes; tenha medo do que você é capaz de fazer, já que até o momento você ainda não vivenciou o limite da vida e sequer cogitou possibilidades nefastas oriundas de um escolha subjetiva vindoura!
O que somos se restringe às circunstâncias atuais; a rotina molda uma parcela do nosso caráter e agimos conforme a regularidade dos fatos comuns à nossa história de vida. Mas nunca sabemos o que somos capazes de fazer em circunstâncias inconvenientes, achamos que saberemos como agir de acordo com situações pré-concebidas, todavia isso é mera ilusão do ego que é capaz de arcar com todas as consequências ideais, embora na realidade não suportaria qualquer adversidade e se perderia em múltiplas decisões a serem tomadas, sem sequer se decidir por qual alternativa adotar.
Quem diz com todas as sílabas “Conheço a mim mesmo!”, ainda não se viu numa situação de assassinato por legítima defesa, nem atropelando e matando o pedestre, nem cometendo adultério por motivos banais, nem saqueando lojas em tempos de caos urbano, nem mesmo agredindo seus entes queridos em momentos de fúria.
Logo a personalidade é tão mutável como os estados físicos da matéria que reage conforme as variações do ambiente; a ilusão da estabilidade de um eu se dilui quando o sujeito cometer um crime, uma chacina, um furto num momento efêmero da perda de si; certamente o remorso e sentimento de culpa poderiam se apoderar da consciência daquele que cometeu o ato, mas no fundo essa situação era tão passível de se tornar efetiva quanto qualquer outra circunstância potencial da vida contingente.