O BAILE DA MENTIRA

A mentira vestiu-se em trajes elegantes e ludibria quem aos poucos perde a capacidade de enxergar além do óbvio. Às portas de um espaçoso recinto pressupostos falaciosos acolhem convidados, e empenham-se efusivamente em maquiar o conteúdo pérfido e fétido que se encontra não muito longe do salão principal onde a anfitriã manipula com certa argúcia seus convidados. Pouco a pouco na sedução deste insano baile a humanidade tem se esvaído em um leviano movimento de despersonificaçao. Liquefaz-se toda a subjetividade do homem: esvai-se lentamente sua originalidade, sua essência, seu encanto. Retornar para casa não será tarefa tão fácil uma vez que em pouco tempo de baile a simples tarefa de reconhecer-se em um espelho constitui o maior labor.