LEMBRANÇAS DE UMA VIDA SEM GLÓRIAS
LEMBRANÇAS DE UMA VIDA SEM GLÓRIAS
Thiago Wolf
Ainda me lembro do cheiro da chuva na terra.
Ainda me lembro dos pássaros cantando em revoada.
Ainda me lembro do barulho do rio, no qual nunca mergulhei.
Lembro, lembro, lembro...
Tudo que faço é lembrar e sentir falta.
Sinto falta das manhãs tranquilas de domingo, nas quais podia se ouvir o doce zumbido do vento nas copas das árvores.
Sinto falta de acordar sabendo que teria amigos pelos quais sentia real apreço e afeto.
Mas o que mais sinto falta é de mim.
Essa é a pior saudade que um ser humano pode sentir.
A saudade de si mesmo.
Sou feliz hoje e não mudaria nada de minha vida, exceto a mim mesmo.
Se pudesse, voltaria e aproveitaria mais os pequenos momentos e gestos que a vida me deu e que eu, em meu auge de loucura, deixei de apreciar.
Perdão vida, perdão mesmo.
Não fui capaz de te devolver tudo que me deu.
Não fui capaz de ser tudo que me foi proporcionado ser.
Tornei-me um ser por vezes, desprezível.
Hoje me encontro em estado de coma, um coma profundo, do qual não tenho previsão e/ou intenção de sair. No qual estou morrendo aos poucos, esperando a hora certa de fechar os olhos e não os abrir mais.