SETENTA E DOIS
Fico feliz por ter chegado aos setenta e dois anos, ainda, com plenas faculdades mentais. Vez por outra, foge-me o vocábulo correto para o que pretendo dizer, mas dizem que enquanto nos preocuparmos com esses lápsos é porque “o alemão” está distante e que ainda temos algum discernimento.
Espero não chegar a encontrar-me com o dito cujo, porque considero um final de vida muito triste para as pessoas, embora os portadores não tenham consciência dos estragos que o Mal de Alzheimer faz.
O nó se instala com o processo degenerativo das bainhas de mielina dos axônios (aquele isolamento feito pelas células de Schwann) que faz com que as informações que deveriam transitar contidas nos prolongamentos dos neurônios fiquem difusas e transformem nosso cérebro num samba do crioulo doido. E o pior disso é que além de não haver como evitar, também não tem idade para começar.
Já existe um pessoal estudando o Mal de seu Alzheimer na “modalidade precoce”.
Mas voltando ao aniversário:
Convido a todos facecoleguinhas para cantarmos, em altos brados, um “parabéns prá você” (para mim) e também para comermos bolo confeitado, salgadinhos de queijo, mini quibes, mini churros com doce de leite, brigadeiros, beijinhos de coco, empadas de camarão, pasteizinhos de carne tudo isso acompanhado por muito suco natural de frutas, porque afinal, festa de velho é bem parecida com festa de criança e não deve ter bebidas alcoólicas.