Próximos remendos
Difícil não é suportar a perda enunciada, mas a estranheza em tudo o que parecia ser tão intimamente conhecido e vivenciado. Encarar as lacunas despercebidas, surgindo uma a uma, diante de uma realidade nebulosa e sem perspectivas. Perder o olhar, empalidecer as esperanças e desconstruir os planos sonhados, tantas vezes imaginados, os devaneios distintos. Segredos partilhados morrendo em monólogos vazios.
Sim, é difícil não entender quando o tempo passa, o sentimento acaba e o que fica não é bem-vindo nas breves estadas, onde a permanência incide em transtornos emocionais causados por uma crescente insegurança, na ausência de si mesmo, na instabilidade que nada garante. E o que oferece garantias nessa vida, além da impressão forte e marcante que é viver um amor sem retorno? Quase nada.
Não quero mais pensar, não quero mais saber, não quero mais esse mal-estar constante, essa inconsequente partida de um viver tão esperado. Malditas todas as certezas que extinguem o benefício das dúvidas mais puras! Supor doía. Saber doeu. Então, que sejam precisos e urgentes os próximos remendos, ameno esse enquanto e assimilado o que se foi com as conveniências que tanto se enunciaram e eu ignorei...