ESCREVER
Muitas vezes eu penso que é inútil escrever, que tudo já foi dito e que nós estamos aqui apenas para repetir cenas anteriores. O que fazer dessa estranheza em relação a mim mesma e às coisas que me rodeiam? Tenho mesmo a impressão de ser oca, de não haver nada que me habite. Um vazio por dentro e por fora. Nada a exprimir a não ser esse vazio imenso. Que sente alguém, ao ver repetirem-se sempre as mesmas palavras, os mesmos rituais? Como preencher essa insana ausência dentro de mim mesma com qualquer coisa palpável, direcionada, apoiada em alguma coisa chamada "eu"? O sentido de tudo é uma absoluta falta de sentido que eu tento (ou sou obrigada a) preencher com trabalho, obrigações, ocupações, distrações ... Oh! Deus, dai-me uma abençoada noite de sono, de descanso, e que amanhã não reste nenhuma recriminação. Que este agora seja apagado da memória. Dai-me o dom do esquecimento. Que fazer com o inevitável dom da dor? Espelhar-me na realidade, afastar, não, aproximar e acelerar, se possível, as batidas do relógio, essa peça inconveniente a nos mostrar sempre eficiência, eficiência ... escapar da irreversibilidade da minha convivência comigo mesma. Estou tão cansada de mim. Por que não tenho em mim três ou quatro alternetivas de convivência? Não. Sempre a mesma companhia. Antiga como a minha história. Conhecida demais, previsível demais, controlável demais e ao mesmo tempo todos os contrários de tudo isso! Mas contrários conhecidos também. Que fazer de uma parceria naturalmente imposta e ao mesmo tempo tão maçante? Enterrá-la, fazê-la desaparecer e colocar no seu lugar um fantoche que em cada época represente uma tragédia diferente, mesmo uma tragédia, mas nova, renovada, diferente. Eu não quero a segurança do conhecido. Quero o desespero da novidade; a incerteza, a ansiedade, o desespero que trazem alguma vibração, dão sentido novo à existência, alguma tênue vibração, uma leve esperança de que haja alguma consistência nessa coisa chamada vida.
Muitas vezes eu penso que é inútil escrever, que tudo já foi dito e que nós estamos aqui apenas para repetir cenas anteriores. O que fazer dessa estranheza em relação a mim mesma e às coisas que me rodeiam? Tenho mesmo a impressão de ser oca, de não haver nada que me habite. Um vazio por dentro e por fora. Nada a exprimir a não ser esse vazio imenso. Que sente alguém, ao ver repetirem-se sempre as mesmas palavras, os mesmos rituais? Como preencher essa insana ausência dentro de mim mesma com qualquer coisa palpável, direcionada, apoiada em alguma coisa chamada "eu"? O sentido de tudo é uma absoluta falta de sentido que eu tento (ou sou obrigada a) preencher com trabalho, obrigações, ocupações, distrações ... Oh! Deus, dai-me uma abençoada noite de sono, de descanso, e que amanhã não reste nenhuma recriminação. Que este agora seja apagado da memória. Dai-me o dom do esquecimento. Que fazer com o inevitável dom da dor? Espelhar-me na realidade, afastar, não, aproximar e acelerar, se possível, as batidas do relógio, essa peça inconveniente a nos mostrar sempre eficiência, eficiência ... escapar da irreversibilidade da minha convivência comigo mesma. Estou tão cansada de mim. Por que não tenho em mim três ou quatro alternetivas de convivência? Não. Sempre a mesma companhia. Antiga como a minha história. Conhecida demais, previsível demais, controlável demais e ao mesmo tempo todos os contrários de tudo isso! Mas contrários conhecidos também. Que fazer de uma parceria naturalmente imposta e ao mesmo tempo tão maçante? Enterrá-la, fazê-la desaparecer e colocar no seu lugar um fantoche que em cada época represente uma tragédia diferente, mesmo uma tragédia, mas nova, renovada, diferente. Eu não quero a segurança do conhecido. Quero o desespero da novidade; a incerteza, a ansiedade, o desespero que trazem alguma vibração, dão sentido novo à existência, alguma tênue vibração, uma leve esperança de que haja alguma consistência nessa coisa chamada vida.