(Em caso de emergência, quebre o vidro!)
Seus lábios quentes percorriam cada centímetro daquele corpo que fervia.
E tremia.
Suas mãos sustentavam aquele corpo que suava.
E amava.
Exalava amor por cada um de seus poros.
Transpirava paixão.
Suspendidos em transe, cada toque gerava um arrepio.
Era surreal quando ele a chamava de "amor".
Ditos ao pé do ouvido, gritado aos quatro ventos, escrito em um papel, em forma de bilhete ou por gestos diários.
Repetia passo a passo, cada dia com ele.
Nada daquilo poderia ser esquecido.
Guardava tickets de cinema, guardanapos de restaurantes, pétalas de flores que foram arrancadas com o mínimo cuidado, laços de presentes, embalagens.
Etiquetava-os e mantinha-os em cativeiro.
Tudo que poderia a fazer lembrar, quando precisasse, daquele sorriso largo e raro.
Daquelas mãos macias.
Do toque que já fora frio, mas que agora emanava calor.
Daqueles braços desenhados e do abraço acolhedor.
Do perfume inebriante e da voz emitida com cautela.
Do olhar cuidadoso.
Dos beijos calientes.
Dos finais de semana preguiçosos ou daqueles agitados.
Das inúmeras discussões desnecessárias ou daquelas que precisavam.
Da quilometragem percorrida até ali e das que ainda iriam percorrer.
Dos planos pensados e dos que ainda não foram executados.
Guardava, etiquetava, escrevia, relembrava.
Percorria cada dia e neles o amava.
Cada dia mais.
Uma vida pela frente e nada mais.
Vai?