CAMINHEIRA

E no ar há qualquer coisa que nega a dúvida.

Há um colóquio com o sobrenatural, e o vizinho ao lado sendo despejado.

Há uma cosmogonia soberba que eleva, enleva; um martelar incessante de pregos nos berços e altares, há uma hegemonia que não destrói as flores, nem as torres!

Somos guardiões do Universo!

Há no pulsar de meu sangue nas veias, qualquer coisa de insano, chego a ter medo......

Sigo vencendo a tristeza, totalmente entregue ao grão de farinha que está à mesa de tantos de nós.

Observando calmamente a corda que toca meu coração amassado, vislumbro um & SOL nota quinta o "G" em cifras.

E você meu irmão(ã) que traz em SI um SOL no coração com olhos marejados.......você que vem aqui pra ler meus pensamentos, louvado seja!

Sou animal que veio recomendado pelos ventos, conheço o peso dos ferros entre os dentes, o freio áspero, arreios que me apertaram a barriga até me fazerem gemer em dores, puxei carros repletos de balaios de milho e outros grãos, rangendo rodas por estradas esburacadas, de terra vermelha, pó fininho..... acompanhei carreiros e sua junta de bois da qual fiz parte. Conheço o ranger das rodas secas...

Sei que meu peito vai rachar na derradeira curva, está arfante, mas antes quero visitar janelas e constelações......

Alvorada em mim é namorada, flor orvalhada, vindas dos mananciais onde moram meus buritizais, aqui perto da OCA.

Olho o mundo com olhos sem pena, olho com asas nossa longa caminhada.

Há aqui dentro um encantamento ainda .......juro.

Arana do cerrado
Enviado por Arana do cerrado em 18/04/2016
Reeditado em 18/04/2016
Código do texto: T5609087
Classificação de conteúdo: seguro