Sinto, escrevo. Eu sou alguém, mesmo que às vezes não me sinta inteira e, quando isso acontece algo de inédito dentro de mim ocorre com demasiada força, porém carente de caminhos para que eu chegue lá. Lá? Lá onde ou aonde eu quero ir. Dúvidas atravessam meu ser, descamam a minha pele, esfolam o me rosto. Espanto-me! Esta não sou eu! Voltou no tempo, por um instante ouço, vejo. Corro assustada dali ou então, permaneço extasiada com a possibilidade de reviver? Viver a vida?!?!?! Não sei, nem mesmo o que estou falando. Digo, escrevendo? Eu escrevendo? Escrevendo o que? Para quem? Por quem? Não! Não sou eu, mas deve ser alguém entre os meus mais diferentes corpos que marca o tempo e, escreve por mim e, sempre ele me diz algo. Algo? Que algo é esse? Vem do nada e de tudo ao mesmo tempo. Vem da Dizem minha existência assaz temida, mas enfrentada, assaz acolhida, mas criticada. Não quero assim! Inconformada grito para quem quiser ouvir, milhões de vezes se for preciso: não pode e não deve ser assim.... Eu escrevendo? Falando sobre o que? Sobre mim? Ah! Sou mesmo além de absolutamente sensível, intelectualizada às vezes, coloquial, poética, prolixa, enigmática, desejosa, desejada, perversa, direta, limitadora da voz ou da ação do outro. Eu? Nem sempre eu a encontro, mas me busco sôfrega por respostas além do espaço, além do tempo, na imensidão do que é compreensível. Esta sou eu e, mesmo que não me compreendas, mesmo que me julgues eu Não me importo. Só te peço que não me deixes. Fique. Não vá embora! Fique. Você será capaz de sentir o calor do meu corpo, admirar o brilho do meu olhar ao me deparar com o seu. Fique. Deite-se aqui. Eu te quero muito, preciso. Deixa-me dar a você a presença, o colo, as carícias que merecemos. Vem. Yvone Restom 04/01/2016.