Veio

Perguntava-se em que ponto da vida toda a inspiração se perdeu

Inspiração não, vontade

Inspiração tinha aos montes

Em cada lugar que olhava, lá estava a inspiração

Estava no banco que cambaleava

Na esquina que dobrava em um ângulo estranho

No olhar cabisbaixo da morena de tranças

Na flor que despontava daqueles loiros cabelos embaraçados

No tabuleiro de amendoins

Na tapeçaria pendurada no arame

Na volta do doce cheiro de seu cangote

Na rouquidão de sua voz

Na forma como ela o olhava

Na admiração que sentia

Na paciência que queria ter

Na fraqueza da voz

Na perda dela também

Na satisfação por poder ser sincera

Sinceridade?

Sinceridade é tudo

Em tudo que fazia, em tudo que faria

Em tudo que não sabia como colocar no papel

Em não conseguir escrever

Em não pensar em outra coisa além da inspiração...

Ação!

Nadine Borges
Enviado por Nadine Borges em 27/01/2016
Reeditado em 27/01/2016
Código do texto: T5525049
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