Só
Quando o frio te abraça e o sono não vem, a única coisa que você se deixa tocar é o orgulho, um pingo de amor próprio é o que segura você em pé, e todo o resto some. Em qualquer mutação a raiva cega a razão e o mundo fica menos claro a cada piscar pestanejador dos olhos vermelhos-sangue pontiagudos fitados no hemisfério sombrio da alma. Podia ser pior sempre se ouviu dizer. Vomitar palavras sem sentido em versos mal escritos parece o melhor recanto para estar no momento. Medo dos sonhos que virão junto com a turbulência, medo do sentimento de perda, da derrota, da obsessão. Medo que move a roda da vida, medo que não deixa existir nem insistir. Abrindo os braços aceita o gélido ar arrogante da noite perdida. Abrindo os braços à qualquer sentido vazio que moverá sua carruagem por mais alguns metros. Destino não é felicidade.