O Dogma ou me Desculpe por Refletir
Muitos ateus, talvez a maioria deles, preferem viver sua consciência privadamente, ora se dizendo agnósticos, ora preferindo não entrar nestes assuntos. É compreensível, pois sabemos da intolerância religiosa e de como ser considerado ateu tem implicâncias diversas nas relações com familiares, colegas e fanáticos diversos.
A questão é certo medo de proselitismo e mesmo de ser tomado como um religioso sem Deus, pregando o ateísmo e difundindo o horror a religião. O que de fato muitos fazem e despertam no religioso o mesmo horror que temos contra a intolerância.
O caminho mais adequado, que quebre com o ciclo em que o ateu usa as mesmas armas do dogmatismo contra os que acusa de dogmatismo, é entendermos que a difusão do ateísmo deve representar uma opção clara, possível e legítima. Não vamos bater na porta de ninguém pra pregar a descrença e nem vamos concorrer a cargos políticos para termos uma bancada "ateia".
Nem cobraremos dízimos a pretexto de expandir a obra do ateísmo sobre as consciências O que precisamos colocar é que as pessoas que desejam se libertarem de qualquer religião que os oprimam, saibam que a crítica e o ateísmo são possíveis e se constituem uma realidade para muitos que se cansaram ou se frustraram com o discurso religioso.
Vejo muitos crentes, das diversas religiões, sem encontrarem ecos para suas dúvidas. Pensam que é algo errado deles que os fazem duvidar e procuram negar a reflexão que se torna evidente em cada um deles: Deus é o que me disseram e me convenceram que o fosse - mas quem é este que me disse e me convenceu?
A forma como muitas religiões se organizam neutralizando as dúvidas como pecados. Evita que o fiel leve a sério ideias que apontam as contradições no seu dogma e "endemonizando" o outro "do mundo" .Serve antes de tudo para evitar a abertura de consciência para outras possibilidades.
Nem ao menos querem que o fiel decida por ele mesmo, não pode questionar internamente e nem buscar respostas externamente.
A contribuição que o ateísmo não reservado pode dar contra o fundamentalismo, a falta de liberdade e o dogmatismo não é lutar contra as religiões, mas contra a prática do dogmatismo. Deixar que as pessoas tenham a liberdade de escolha de consciência, sem culpa, sem constrangimento, sem ignorância, sem medo de refletir.