Registro
Sempre do mesmo jeito.
Sentava nos pensamentos procurando registros
Quando, onde, por quê?
A cabeça no ritmo de quem assiste a uma partida de tênis
De um lado a outro nada se via
Mas havia o que ver
Apenas os registros estavam empilhados,
misturados, empoeirados
de uma forma que os acessos eram tediosos.
Quanta desordem à esquerda!
Quanta sujeira à direita!
Pálpebras pesadas nem percebiam
que o centro era a chave
Falta de mira, talvez.
De repente veio a dor
Sangrava o mundo à sua volta
Lenços, despedidas, porto, solidão.
Sempre do mesmo jeito
A maré que subia
A pedra que era engolida
A fonte que se contaminou
E o arrepio eriçou os pelos
trincando a pele que era um esboço
no arquivo que nunca morreu.
Sentada nos pensamentos.
Apenas o registro de quem não viveu...