PETRÓLEO
PETRÓLEO
Gênesis talvez tenha razão, monstros marinhos grassam pelo círculo da Terra,
Plantas estão pari-passu com essa história, antiga, pré-Cambriana,
O feto de nossa matriz energética, que nos moldou com a sujeira do Carbono,
O espaço sideral guarda mudanças, de características incomensuráveis,
Impacto profundo, Gigatons de energia, Hiroshima e Nagasaki depois parecerão um estalo,
Cobre a Terra n-toneladas de detritos, causam o conhecido inverno nuclear,
A luz do sol está obliterada, afótica se transforma nossa casa em outras eras,
Zilhões de vidas sucumbem, o elo da cadeia está desfeito, novos materiais estão no ciclo,
Agora de forma inapropriada e instantânea, a Terra assim não faz a sua parte,
Saprófitos veem a comida e não as têm,
Mar revolto, perda do alicerce, a massa das vidas tão soturnamente tiradas, afundam, percolam,
Tectônica eficiente, depositam sedimentos, cobertores de vários tons de terra,
Chegam a um determinado local, afótico, sem luz, sem ar, mas quente,
Esses permanecerão encerrados por milhões de anos, presos à matrizes de rochas,
Enquanto isso a isostasia continua a acontecer, todos as massas de água e de terra, nadam,
Sobre um mar incandescente, mas agora em silêncio sepulcral,
A trama carbônica dos que se foram, jaz sem a menor compaixão da mãe Terra,
Ela afinal não participou de algum conluio nesse mega-necro acontecimento,
Ela apenas fornece o calor e as condições não CNTP, ou seja, não normais de temperatura e pressão,
A trama carbônica se desfaz, mudança de estado físico é o acontecimento menos importante nesse teatro de horrores,
Nesse necro-mundo, tudo que era vida, colorido, reativo, deixou de existir,
Homens do futuro anseiam de forma inconsciente por esse necro-líquido,
A energia vital de nossas máquinas se apoiarão nesse cataclismo,
Do pó ao pó, da luz a luz, do Carbono ao Carbono, esse será o quinhão,
Nuvens de emaranhados de substâncias nocivas nos envenenarão,
Pagaremos caro por esse líquido, desfeito em milhares de outros,
É o clímax da ignorância, compartilhada por todas as nações,
O portador da centelha da guerra e da indiferença,
Opressor, ganancioso e até mesmo hipócrita serão os discursos sobre o tema,
A necessidade dele também será um dos desdobramentos de nosso quinhão,
A vida sofrerá mutações e o homem será mais uma vez, o vilão,
Será que não estamos presos à Terra ?
Uma experiência com os produtos de fim de linha ?
A visão utilitarista nos prega peças,
O feedback não nos dá margem para fugas,
A única certeza são as mudanças,
Para onde estamos indo mesmo ?
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