Por que não gosto do dia do meu aniversário?

Envelhecer é incrível! É quase que voltar ao tempo da meninice, só que ainda melhor. É se sentir livre para ser espontâneo, gozando de uma sabedoria sóbria e deliciosa. É ter a coragem de dizer, entre tantas coisas, que não se gosta de aniversário, como não se gosta também de natal, réveillon e todas as outras datas que de, certo modo, existem para nos deixar um pouco tristes.

Não me tomem como estranho, mas se quiserem não vou me opor, pois a principal característica do ser humano é ser diferente. E se ‘não gostar de dia de aniversário’ é ser estranho; estranho eu devo ser. E é muito bom poder escancarar isso! Da mesma forma, que é bom se permitir ficar sozinho no dia de ontem, distante do telefone, curtindo do meu jeito o dia que disserem ser meu, apenas meu!

Não sou mal-educado, nem tão pouco malcriado. Eu gosto de carinho, só não gosto de ser festejado. Sou tímido. E embora não acreditem, eu só falo ‘pelos cotovelos’ com quem me acostumei e com quem já se acostumou a mim. Prefiro, em certos momentos, ficar sozinho, com os meus botões, agulhas e linhas, tecendo lembranças, recordando os presentes que a vida me deu e depois tomou. Afinal, eu já vivi o bastante para saber que viver é assim e não tem jeito!

Vivi também o bastante para saber a quem chamar de amigo, amiga. A quem devo a vida. E a quem já não sei viver sem ter. Vivi para saber a quem tenho carinho, mesmo sem conviver. A quem admiro e talvez nem saiba que é por mim admirada, admirado. A quem nunca vou esquecer por ter feito um pequeno gesto. E a quem, sem querer ou querendo, eu esqueci, pois isso também é preciso.

Toni DeSouza
Enviado por Toni DeSouza em 31/05/2015
Reeditado em 01/06/2015
Código do texto: T5261432
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