O NADA
Dentro do limite humano e de nossos parcos conhecimentos, eis ai uma coisa que jamais poderá existir,ou poderá, não sei dizer necessariamente o que é mas, algo que não tenha começo, algo que não tenha fim é algo que não existe, é nada ou, talvez o tão misterioso eterno!
Temos em nossa mentalidade que tudo o que existe, um dia teve um começo e com toda certeza, um dia, pode se passar dias, meses anos, séculos e até mesmo milênios ou milhões, quiçá bilhões de anos, mas terá um fim. Não estamos errados, é nossa concepção de “coisas”, vemos em tudo, a matéria e, sem ela jamais poderá existir algo, tampouco a concepção que temos dos sentimentos como a felicidade, a alegria, a paz de espírito, está de certa forma, ligada a alguma coisa material; o amor tão proclamado poeticamente, cantados em versos e contados em prosa pelos poetas ao longo dos tempos, tem em seu bojo a presença do outro, nem ele subsiste sem a presença da matéria.
O Livro que demorou séculos para ser escrito e ser formatado conforme temos hoje e que trata de algo tão sublime e cândido, o amor de Deus pelo seu povo, narrado em muitos livros, num período de aproximadamente quatro mil anos, um mil e novecentos antes de Cristo e dois mil anos depois de Cristo, tem em suas paginas iniciais um relato da criação do mundo que muito me impressiona:
“ No princípio Deus criou o céu e a terra. A Terra estava sem
forma e vazia, as trevas cobriam o abismo e um vento
impetuoso soprava sobre as águas. Deus disse “exista a luz” e
a luz existiu...”
Depois o autor sagrado, conduzido pelo dedo de Deus, antes de falar do amor, situa o homem no contexto da matéria, depois de criar a terra e tudo o que nela existe, da matéria já existente cria então o homem a sua imagem e semelhança, e o coloca no centro de tudo o que foi criado , dotando o homem de inteligência, o torna em um ser superior, onde deposita o cuidado de toda a criação em suas mãos.
Podemos dizer que este relato trata-se do mais antigo tratado cientifico do mundo, pois o homem supostamente sem o conhecimento das ciências naturais que temos hoje em dia, descreveu, obviamente inspirado por um ser superior, Deus, o mais belo tratado cientifico dos quais, a meu ver, só se iguala, tanto poeticamente como em conteúdo de uma verdadeira tese cientifica, àquela carta que o chefe Seatle escreveu ao Presidente da América do Norte, onde expõe o seu pensamento e se sente orgulhoso em ser verdadeiramente filhos da terra.
Parece que poucos elementos o homem pode observar neste pequeno tratado científico a não ser a existência de alguém, que do nada fez surgir o mundo tal qual vemos hoje, embora o homem com sua suposta inteligência tenham modificado a sua aparência, porem jamais conseguiu transformar a sua essência, permanecem os três elementos básicos para existência das coisas: o ar, a água e a luz. Qualquer que seja destes elementos que falte, a vida deixa de existir. Você já pensou nisso? O índio de seatle sim quando diz:
“Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da
terra? Essa ideia nos parece estranha. Se não possuímos o
frescor do ar e o brilho da água, como é possível compra-lo?
... Esta água brilhante que escorre nos riachos e rios não é
apenas água, mas o sangue de nossos antepassados...”
Assim entre a ficção e a realidade, nada há de velho que não tenha tido inicio e nada há de novo que não tenha fim, queira ou não queira, somos todos seres espirituais fazendo uma experiência material aqui na face da terra, assim fica aquém da nossa imaginação, existir algo que não tenha tido começo e, somos tão apegados a formas materiais que se pedirmos a uma criança ou até mesmo a uma pessoa adulta, para desenhar um extraterrestre, teremos com certeza as mais bizarras formas mas, em todas elas jamais deixarão de existir os órgão dos sentidos: boca, nariz, olhos, etc... Vale dizer que teremos uma imagem do ser humano destorcida, porem os sentidos da visão e audição não serão esquecidas da mesma forma que braços e pernas como meio de locomoção, muitas vezes de formas desproporcionais, irão enriquecer de detalhes este ser supostamente de outro planeta pois esta é a forma de pensarmos, esta é a maneira que temos de enxergar o mundo.
Diante deste pensamento um tanto quanto obscuro, só nos resta dizer, como exclama o caboclo diante de sua própria existência: “Eita mundo véio sem portera, carça véia sem gibeira, siô!”