Maquiadora do Tempo
 
Ela apareceu e me pareceu, mostrou-me um risco na face que logo se transformou num sulco, onde o sorriso maduro acentuava minha feição.
Outras apareceram tornaram-se caminho das lágrimas, então me pareceu uma rega salobra degustada no sabor da boca de alguns sonhos que nunca se realizarão.
A vitalidade fugia dos meus olhos através da janela a melancolia costurava seu manto para me aquecer e a flacidez despencava sobre o pescoço, mas não a deixei me envolver.
Então ela falava comigo sobre o desapego de tudo, e que ainda poderia plantar no meu jardim algo belo que me encantasse quando olhasse pela vidraça e na falta de alguém poderia conversar com o Soberano, aprenderia o louvor dos pássaros e escutaria no vento a linguagem das árvores e flores.
Ela traçou outro risco no meu rosto e disse-me não me queira mal, sou a maquiadora do tempo e tudo isto é normal, encontrei no teu celeiro uma flor e dois frutos delicados que serão a semente de tua continuidade e quando a luz fugir de seus olhos os abrirá novamente um dia para o sonho sem fim.

Gosto de escrever pensando em pessoas queridas dedicado a Matilde Diesel, Isis Dumont.
Maurício de Oliveira
Enviado por Maurício de Oliveira em 17/05/2015
Reeditado em 19/05/2015
Código do texto: T5245114
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