Um paradigma
“Se há algo em mim que possa ser chamado de religioso, é a admiração ilimitada pela estrutura do mundo, na medida em que a ciência consegue revela-lo”. Esta frase não é minha, mas até poderia, no seu sentido geral, ser. Acrescentaria apenas, para maior clareza, mesmo que com alguma redundância, que a admiração ilimitada pela estrutura do mundo, seria também pela realidade, pela natureza, pela vida, e pelo social, admirações estas que estão englobadas pela “estrutura do mundo”, mas que com certeza reforçaria meus princípios realista, naturalista, socialista e humanista secular (não aquele tipo de humanista que vê o ser humano como super-homem, ou como a melhor coisa que existe, mas sim que percebe o homem como um ser natural, real, social e tipicamente imanente).
Retornando a frase inicial, ela era de um dos meus paradigmas de existência, de um dos meus quase mitos de ideal, o simples e grande Albert Einstein. Ele não era ateu, e por isso o seu uso, sem maiores cuidados da palavra religioso. Einstein tinha certa aversão pelas religiões, mas era um religioso, ao seu modo. Ele não acreditava em nenhum deus Abraâmico, que age e decide, ele não acreditava em nenhum deus teísta, mas sim por um deus um pouco mais deísta, ou um deus panteísta de Espinosa, de quem ele dizia abertamente admirar pelas suas contribuições ao pensamento moderno, entendendo ser ele o primeiro filosofo a lidar com a alma e com o corpo como um todo, e não como duas coisas separadas. Para Einstein, o deus de Espinosa apenas criou as leis simples e elegantes que regem o mundo, por isso orar não é necessário, e nem leva a lugar algum, pois que este deus não age.
Einstein suspeitava da filosofia tradicional, chegando a escrever: “A filosofia como um todo não aparenta ter sido escrita com mel? Parece maravilhosa quando contemplada pela primeira vez, mas a um segundo olhar tudo foi embora. Resta apenas uma massa indistinta.”. Einstein não era também um panteísta real, mas acreditava que um deus, que se mistura com a própria realidade da natureza, havia criado as leis que a própria natureza executa. Ele apesar de um pacifista aberto, não acreditava que o homem fosse superior a tudo, e muito menos acreditava ser necessário a consciência humana para a existência do mundo. Ele falava algo como: “O mundo, considerado sob o aspecto físico, existe a despeito da consciência humana.”. Mais claramente ainda, Einstein não via a religião como fonte necessária da ética ou da moral. Ele costumava dizer que: “A moralidade é da máxima importância para nós, não para nenhum deus.”, “não acredito na imortalidade do indivíduo, e considero a ética uma preocupação exclusivamente humana, sem nenhuma autoridade sobre-humana subjacente”. Desta forma ele defendia a crença de que a moralidade era definida pela humanidade e não por nenhum deus.
Ele comentava, dizendo ser importante fazer a distinção entre dois tipos de deuses, que muitas vezes são confundidos nas discussões sobre religião. Primeiro existe um tipo de deus pessoal, que responde às orações, abre aguas do mar morto, opera milagres, que atua, decide e governa, que é onisciente, onipotente e onipresente. Trata-se do deus da bíblia, o deus da intervenção. Existe também, segundo Einstein, um segundo tipo de deus, o deus de Espinosa, um deus que não age, era este o tipo de deus em que Einstein acreditava.
Os que me acompanham sabem que sou ateu, e assim não acredito em tipo algum de deus, mas Einstein não era ateu, e assim acreditava no segundo tipo.
É bastante claro para mim que o primeiro tipo de deus, aquele atuante, aquele que agde, que dirige e que define o destino de todos, não existe, e a realidade do dia a dia é a maior prova disto, mas não vou discorrer sobre isto neste texto. Quanto ao segundo tipo, devo admitir que “provar” sua inexistência é um pouco mais difícil, eu mesmo, por algum tempo, antes de assumir minha posição de ateu, acreditei neste tipo de deus, mas a vida tem me mostrado que também ele não é necessário, pois se este tipo de deus se mistura em essência com a natureza, sendo sua essência, eu prefiro ficar com a natureza, ela me basta. A natureza para mim já é completa em si mesmo.
No fundo ousaria discordar um pouco quanto a visão de Einstein de que existem dois tipos de deuses. Se perguntarmos a várias pessoas, como é seu deus, veremos que pelas respostas, pelas definições passadas, existirão muitos mais de dois tipos de deuses, desde o politeísmo até mesmo no monoteísmo.
Retornando a Einstein, apesar dele não ser ateu, entendo que a crença no seu tipo de deus seria até uma possibilidade, mas a entendo totalmente desnecessária, mas sou obrigado a respeitá-lo pelo que pensava, pelo que fazia, pelo que lutava, e pelo que revolucionou na física que deixou. Ele realmente é um dos vários que me servem de exemplo.
Para encerrar, gostaria de dizer que como ateu, vejo em Espinosa um pensador a frente de seu tempo, e o tenho em grande estima, e não poderia terminar sem me revoltar com a perseguição que a “grande e sábia” igreja católica, fez, também, com Espinosa, como o fez com muitos outros.
“Se há algo em mim que possa ser chamado de religioso, é a admiração ilimitada pela estrutura do mundo, na medida em que a ciência consegue revela-lo”. Esta frase não é minha, mas até poderia, no seu sentido geral, ser. Acrescentaria apenas, para maior clareza, mesmo que com alguma redundância, que a admiração ilimitada pela estrutura do mundo, seria também pela realidade, pela natureza, pela vida, e pelo social, admirações estas que estão englobadas pela “estrutura do mundo”, mas que com certeza reforçaria meus princípios realista, naturalista, socialista e humanista secular (não aquele tipo de humanista que vê o ser humano como super-homem, ou como a melhor coisa que existe, mas sim que percebe o homem como um ser natural, real, social e tipicamente imanente).
Retornando a frase inicial, ela era de um dos meus paradigmas de existência, de um dos meus quase mitos de ideal, o simples e grande Albert Einstein. Ele não era ateu, e por isso o seu uso, sem maiores cuidados da palavra religioso. Einstein tinha certa aversão pelas religiões, mas era um religioso, ao seu modo. Ele não acreditava em nenhum deus Abraâmico, que age e decide, ele não acreditava em nenhum deus teísta, mas sim por um deus um pouco mais deísta, ou um deus panteísta de Espinosa, de quem ele dizia abertamente admirar pelas suas contribuições ao pensamento moderno, entendendo ser ele o primeiro filosofo a lidar com a alma e com o corpo como um todo, e não como duas coisas separadas. Para Einstein, o deus de Espinosa apenas criou as leis simples e elegantes que regem o mundo, por isso orar não é necessário, e nem leva a lugar algum, pois que este deus não age.
Einstein suspeitava da filosofia tradicional, chegando a escrever: “A filosofia como um todo não aparenta ter sido escrita com mel? Parece maravilhosa quando contemplada pela primeira vez, mas a um segundo olhar tudo foi embora. Resta apenas uma massa indistinta.”. Einstein não era também um panteísta real, mas acreditava que um deus, que se mistura com a própria realidade da natureza, havia criado as leis que a própria natureza executa. Ele apesar de um pacifista aberto, não acreditava que o homem fosse superior a tudo, e muito menos acreditava ser necessário a consciência humana para a existência do mundo. Ele falava algo como: “O mundo, considerado sob o aspecto físico, existe a despeito da consciência humana.”. Mais claramente ainda, Einstein não via a religião como fonte necessária da ética ou da moral. Ele costumava dizer que: “A moralidade é da máxima importância para nós, não para nenhum deus.”, “não acredito na imortalidade do indivíduo, e considero a ética uma preocupação exclusivamente humana, sem nenhuma autoridade sobre-humana subjacente”. Desta forma ele defendia a crença de que a moralidade era definida pela humanidade e não por nenhum deus.
Ele comentava, dizendo ser importante fazer a distinção entre dois tipos de deuses, que muitas vezes são confundidos nas discussões sobre religião. Primeiro existe um tipo de deus pessoal, que responde às orações, abre aguas do mar morto, opera milagres, que atua, decide e governa, que é onisciente, onipotente e onipresente. Trata-se do deus da bíblia, o deus da intervenção. Existe também, segundo Einstein, um segundo tipo de deus, o deus de Espinosa, um deus que não age, era este o tipo de deus em que Einstein acreditava.
Os que me acompanham sabem que sou ateu, e assim não acredito em tipo algum de deus, mas Einstein não era ateu, e assim acreditava no segundo tipo.
É bastante claro para mim que o primeiro tipo de deus, aquele atuante, aquele que agde, que dirige e que define o destino de todos, não existe, e a realidade do dia a dia é a maior prova disto, mas não vou discorrer sobre isto neste texto. Quanto ao segundo tipo, devo admitir que “provar” sua inexistência é um pouco mais difícil, eu mesmo, por algum tempo, antes de assumir minha posição de ateu, acreditei neste tipo de deus, mas a vida tem me mostrado que também ele não é necessário, pois se este tipo de deus se mistura em essência com a natureza, sendo sua essência, eu prefiro ficar com a natureza, ela me basta. A natureza para mim já é completa em si mesmo.
No fundo ousaria discordar um pouco quanto a visão de Einstein de que existem dois tipos de deuses. Se perguntarmos a várias pessoas, como é seu deus, veremos que pelas respostas, pelas definições passadas, existirão muitos mais de dois tipos de deuses, desde o politeísmo até mesmo no monoteísmo.
Retornando a Einstein, apesar dele não ser ateu, entendo que a crença no seu tipo de deus seria até uma possibilidade, mas a entendo totalmente desnecessária, mas sou obrigado a respeitá-lo pelo que pensava, pelo que fazia, pelo que lutava, e pelo que revolucionou na física que deixou. Ele realmente é um dos vários que me servem de exemplo.
Para encerrar, gostaria de dizer que como ateu, vejo em Espinosa um pensador a frente de seu tempo, e o tenho em grande estima, e não poderia terminar sem me revoltar com a perseguição que a “grande e sábia” igreja católica, fez, também, com Espinosa, como o fez com muitos outros.