UM POUCO DE CULTURA NA MIDIA...

UM POUCO DE CULTURA NA MIDIA...

Fato é que a consequência maior é infelizmente a pseudo sensação que somos e geramos uma cultura livre e privilegiada, quando na verdade somos essencializados artificialmente e com isso reproduzimos incessantemente tudo o que sorvemos na sociedade e ainda somos fonte de difusão daquilo que nos aprisiona.

Para terminar... ou eternamente recomeçar ouso postar o poema " No caminho com Maiakovski" , de autoria de Eduardo Alves da Costa, autor nacional , escrito nos idos de 1967, e que por equívoco midiático e do emocional coletivo, foram creditada á Wladimir Maiakóviski:

"NO CAMINHO COM MAIAKOVSKI (Integral)

Assim como a criança humildemente afaga a imagem do herói,

assim me aproximo de ti, Maiakovski.

Não importa o que me possa acontecer,

por andar ombro a ombro com um poeta soviético.

Lendo teus versos, aprendi a ter coragem.

Tu sabes, conheces melhor do que eu a velha história.

Na primeira noite eles se aproximam,

e roubam uma flor do nosso jardim.

E não dizemos nada.

Na Segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão,

e não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz,

e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm, a ninguém é dado repousar a cabeça alheia ao terror.

Os humildes baixam a cerviz;

e nós, que não temos pacto algum com os senhores do mundo,

por temor nos calamos.

No silêncio de meu quarto, a ousadia me afogueia as faces,

e eu fantasio um levante;

mas amanhã, diante do juiz,

talvez meus lábios calem a verdade,

como um foco de germes capaz de me destruir.

Olho ao redor, e o que vejo, e acabo por repetir, são mentiras.

Mal sabe a criança dizer mãe, e a propaganda lhe destrói a consciência.

A mim, quase me arrastam pela gola do paletó à porta do templo,

e me pedem que aguarde, até que a Democracia se digne a aparecer no balcão.

Mas eu sei, porque não estou amedrontado a ponto de cegar,

que ela tem uma espada a lhe espetar as costelas, e o riso que nos mostra,

é uma ténue cortina lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo, e não os vemos ao nosso lado, no plantio.

Mas ao tempo da colheita lá estão,

e acabam por nos roubar até o último grão de trigo.

Dizem-nos que de nós emana o poder, mas sempre o temos contra nós.

Dizem-nos que é preciso defender nossos lares,

mas se nos rebelamos contra a opressão, é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo, por temor aceito a condição de falso democrata,

e rotulo meus gestos com a palavra liberdade, procurando, num sorriso,

esconder minha dor diante de meus superiores.

Mas dentro de mim, com a potência de um milhão de vozes, o coração grita

- MENTIRA."

NOTA: Dedico essas falas à sociedade e sua falta de saciedade cultural, às e em especial ao jornalista e arteiro Kal Mattus, de Piracicaba, interior do estado de São Paulo, que como tantos sabem muito bem do que falo, sinto, reflito e escrevo.

Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 18/04/2015
Código do texto: T5211389
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