Pedaços

Hoje eu vi meu cachorro-urso jogado em meu guarda-roupa,eu temia vê-lo por me vim ao pensamento tantas coisas,como por exemplo um blusão desengonçado em meu corpo nas manhãs de frio,um abraço apertado,aquela banda lá que nem quero lembrar( já lembrando),os almoços caracterizados de sorrisos,pirraças eternas de jogos de xadrez,noites mal dormidas,lágrimas incontáveis,a última conversa,o último beijo,o último texto,o último momento,o fim tão trágico,onde em toda tristeza me leva a este cachorro-urso,eu poderia doá-lo,queimá-lo,mas as lembranças não acabam,quero amnésia,quero amnésia,clamo por amnésia ...

(...) A espera de uma música que não começa,de uma palavra que não sai,de um voz que não ecoa,de uma visita que nunca chegará,de uma lágrima que nunca será derramada,de um ódio que não sairá,de uma nova temporada que não chega...E depois a música toca,a palavra voa,a voz grita,a visita é impedida,a lágrima congela,o ódio(espera um segundo),esse sai,mas antes quebra o gelo,quebra a esperança,quebra o senso,quebra o que já estava quebrado,tritura...

A lua me visita,ela se dilui em verso de mentiras,como diria a Joelma "a lua me traiu",ela tem meu telefone e me perturba quando penso em dormir,ela me ilumina quando fecho os olhos,ela deseja um eclipse só pra me ver no escuro,ela que despir-me e me mastigar,ela me acha ofensiva,a lua não me ama,nunca me amou,ela diz que prefiro o sol,diz que um dia ela será o sol de minha vida,mas ela é danada,ah eu sei que ela me engana,descobri que ela não ilumina só aqui na minha casa,do outro lado do mundo ela também ilumina,e a imoral me fez mil promessas que não existem,fiquei magoada com ela ! A insolente me paga !

E é isso que tenho pra hoje,não tenho mais nada para falar,estou muda agora ... cricricri (...)