POEMA CHATO
Não era eu,
não sou eu aqui.
São vontades,
é a falta de espaço.
O aperto do tédio,
o silêncio do grito escorregando
Os dias passando lentamente
A mente já lenta
Não sou eu que escrevo estes versos
É algo que senti
É algum acúmulo
Alguma sobra
O excesso
E vamos relembrar
"que tudo em excesso é chato"
Por isso esses versos são chatos
É o excesso de mim
Mas não sou eu
É o excesso dos dias,
mas não sou eu
É o excesso do tédio, do não ter o que fazer
Das lorotas ouvidas
Dos pontos interrogativos,
negativos, também...
Enfim,
todo poeta é escritor,
mas nem todo escritor é um poeta.
Todo adulto é uma criança,
mas nem toda criança é um adulto.
Todo poema é limite de alguma coisa,
seja lá o que for.
O poeta jamais escreve sem antes sentir
A orquestra interna do poeta é seu despertador,
e escrever é seu trabalho.
(Karine O Cardoso)