Dar-te-ia o paraíso
Dar-te-ia o paraíso se a mim me fosse possível!
Não me leve a mal se o meu sentimento extrapola o pólo do sol poente; polo com acento não há mais quem agüente, tampouco, esse trema, que como eu ainda trema um pouco, pois, nesse crepuscular o meu velho coração crescente, pergunta mouco: Onde se encontra meu bem? Vivemos tanto tempo o mesmo tempo de antanho, portanto, o meu amor estranho aumenta vindo desse tempo ausente. A luz do firmamento é tão ínfima perto desta santa lembrança, pois, o seu coração resplandecente, esquenta a minha pobre memória carente. Somente as velhas lembranças acalentam-me, enlouquecem-me, e aquecem-me, e a dúvida permanece: Onde está você? Somente agora sei avalizar a sua presença em formato de ausência, mas nada mais dá pra fazer a não ser, saber: onde está você? Hoje o meu melhor companheiro é o seu velho travesseiro com o seu cheiro conservado pelo meu pensamento esgarçado. Embora, seja meio triste-engraçado, quando acordo e olho ao lado vejo o amantíssimo Pedro, o seu velho gato rosnando, posto deva estar agradando-o com aquele antigo amor profano, causador do meu ignorante ciúme ao sentir o seu extra-sensível perfume... Cadê você, afinal; onde foi que chafurdou?
Deixe-me dormir, acordando para novos encontros com você, somente assim poderei sentir o seu calor musical, colorindo com o mais odorífico amor o sonho desse moribundo e velho trovador mortal!
Estou pensando seriamente em não mais acordar...
jbcampos