Da necessidade do novo Ciclo

Vemos a cada ano as mudanças acontecerem em frente aos nossos olhos. Vemos presidentes serem reeleitos, vemos, de longe, a guerra que acontece fora do nosso país e vemos de perto a guerra que acontece no nosso; a guerra ao tráfico, guerra a violência e por aí vai. O fato é que a mudança passa por nós e nos tornamos meros observadores da mesma.

Podemos dizer que quem votou no atual presidente foi parte da mudança, podemos dizer que aquele que doou 10 reais para uma causa nobre foi parte da mudança ou mesmo uma boa alma que doou um brinquedo na campanha dos correios. De fato foram agente de certa mudança, mas de qual mudança queremos realmente participar?

Um novo ano se inicia com previsões não tão animadoras no âmbito político, vemos a cada dia nosso governo, aqueles que deveriam guiar o povo para o desenvolvimento, segurando para si mesmo os espólios de uma vitória sobre a guerra que eles mesmo criaram e venceram. Chegou um momento em que tentamos fazer a diferença na urna eletrônica mesmo sabendo que são adulteradas. Acordamos em dada manhã para cumprir nosso dever cívico e o ano se inicia igual ao passado. Onde está a mudança? Onde está o novo?

O novo está, em minha opinião, no coração daqueles que desejam a mudança. Não falo da mudança no governo, nas leis, na forma de policiarmos as ruas ou na forma de punir o bandido, falo daquela mudança que ocorre em nossos corações e que transformam o ambiente em nossa volta.

De que adianta a pessoa gritar por mudança, lutar para tirar o governo corrupto quando ele mesmo não devolve o troco que recebe errado? De que adianta lutarmos por igualdade de sexo quando contratamos uma mulher pelo tamanho de seu decote? De que adianta reclamarmos dos políticos que passam por cima de tudo quando nem ao menos damos a preferência em uma rotatória no transito?

Estamos buscando a mudança nos lugares errados. Ela não existe fora de nós mesmos, nós somos a mudança que desejamos no mundo. As vezes esse discurso pode parecer filosófico demais, subjetivo, sem sentido, mas se pararmos para analisar o que realmente significa ser essa mudança, vemos que sendo a mudança, não aceitamos permanecer na mesma onda de destrato à humanidade e a sociedade. No momento que nos tornamos a mudança, nós mudamos o ambiente ao nosso redor, aos poucos, mas se cada um de nós desejasse se tornar essa mudança e desse o primeiro passo, imagine o que poderia acontecer.

Uma conscientização local, um bairro, uma pequena comunidade... Se alastra para outras quadras, aumenta até alcançar todo um distrito, uma cidade, um estado e um país. E não pense que isso é impossível, pois eu já vejo acontecendo.

Vejo pessoas que não aceitam que o mundo tenha de ser um ambiente tão hostil, tão desagradável, e trabalham para que a vida seja mais doce e boa de se viver. O bem estar social não precisa vir dos governantes, deveria, mas como não é essa a realidade, devemos trabalhar com nossas próprias ferramentas em prol de um bem maior.

No transito, de a preferência. No trabalho, seja legal e tolerante com seus companheiros. Na família, ouça seus país e filhos. No casamento, dê o braço a torcer e permita que sua mulher ou seu marido esteja com a razão. Não precisamos estar certos o tempo todo, não precisamos ser 100% o tempo todo. A metáfora do arco é perfeita para exemplificar isso; se o arco fica sempre armado, de duas uma, ou perde a força da madeira, ou a corda arrebenta de vez.

Engula o orgulho e saia da zona de conforto. É fácil apontar o dedo para o erro, criticá-lo e atirar uma pedra, mas é doloroso, no começo, aceitarmos a bondade que há em nós mesmos porque nosso ego fará de tudo para que você que ainda feche os outros no transito, que ainda bata na mulher e que não tenha paciência com os mais velhos. Mas basta um gesto de bondade para lhe mostrar um novo mundo, uma nova forma de viver.

Seja a mudança que você espera no mundo, e verá que o mundo mudará com você.

Meus mais sinceros votos de mudança nesse 2015 que se inicia, e que todos vocês possam colher os frutos da suas mudanças interiores, pois se leram isso até o fim, já colhem o fruto da minha própria mudança interior.