Tempestade

A 6ª Sinfonia de Beethoven soa quase como um pedido de desculpas para mim.
Eu confundo a Tempestade da música com a que habita em mim e com a que cai em gotas generosas.
Chuva e solidão.
Tanta inquietação muda, presa no corpo e na casa vazia.
A sala branca de janelas imensas me mostra o jardim e as plantas cúmplices dos meus sonhos de sempre.
Tantos amores por muitos contos, casos, livros e planos.
Tanto amor e tanta quietude sem recebê-lo.
Meus olhos cheios de crença, persistem.
Um dia de mudança. Um plano perfeito. Um vínculo. Quem sabe meu desejo.
O espelho do quarto me aguarda em silêncio.
Cheiro de chuva e de terra molhada.
Nele me vejo. O espelho.
Olhos verdes a não contar mentiras para mim. Nunca mais.
Fico na penumbra do quarto a revelar os segredos que guardei tanto tempo.
Uma paixão infinita, perdida em regras e justificativas.
Um grito preso na garganta.
Um infinito de ideias prontas para conquistar o mundo.
Uma palavra perdida em meio ao quarto escuro.
A tormenta ruge lá fora.
Frio do tempo, calor de questionamentos.
A cama vazia anuncia as mesmas horas insones.
Beethoven, cúmplice dos meus delírios se aquieta. É sábio.
Nove sinfonias a descrever meu estado de espírito.
De todas elas, a 6ª me define.
Tempestade.
Edeni Mendes da Rocha
Enviado por Edeni Mendes da Rocha em 03/12/2014
Código do texto: T5057596
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