Nuvens imaginárias e uma Declaração de Amor
Eu brincava de imaginar nuvens e de desenhar nelas meu sonhos
Vagava por passeios nebulosos à espera da surpresa que não vinha
Bebia os vinhos das lembranças dos momentos que eu não conseguia esquecer.
Andava pelas ruas procurando sempre o mesmo rosto
Ensaiava olhares nos encontros que não aconteciam
Guardava a voz sussurrada no meio da tarde como um fio certeiro de esperança
E sonhava com as falas que nunca haviam sido para mim.
Eu brincava com as palavras que seriam repetidas infinitamente na declaração mais crua
Tocava o corpo imaginário que me consumia em tantas horas sem sono
Sentia a cheiro do beijo que, uma vez ensaiado, nunca mais me deixou. Gosto de pinha.
Buscava as mãos, os braços e o abraço de todos os suspiros
O fôlego contido no grito que ouvi tantas vezes na minha imaginação.
Eu queria a chuva morna dos passeios na serra
As velas dos barcos a brincar nos mares que imaginava tão seus
Os dedos entrelaçados no passeio lento do fim do dia
A cumplicidade de uma risada na cozinha
E a certeza de que amanhã eu acordaria nos seus olhos tão meus.
E quando o sol anunciou o fim da espera na tarde que nunca passou
Na minha inabalável crença, esperei.
Hoje piso em flores e respiro o aroma dos musgos de tantos bosques
E quando o seu abraço fica menor que a minha alegria,
Ainda brinco de pintar nuvens imaginárias e nelas escrever novos sonhos
Versos e poemas, fotografias e livros nas minhas infindáveis tentativas e no meu delírio mais intenso
De tentar mostrar o quanto eu amo você.
Cara de Chuva
O tempo foi apenas um lapso entre o seu sorriso e a minha certeza.
Fotografia: edeni mendes da rocha
www.edenirochafotografia.com