O dia em que se descobriu o que nunca foi perguntado...
Maryse era o tipo de criança que perguntava tudo o tempo todo. Sua mãe pacientemente sempre respondia, por mais óbvias que fossem as respostas, ela adorava a curiosidade e inocência da filha.
O tempo passou e as perguntas amadureceram. Maryse já não era menininha e agora já não tinha mais a mãe, a dor de fazer perguntas ao nada partiu seu coração. Ela pensava entender tudo e de repente descobriu que não. Ela nunca havia perguntado sobre a morte e esta lhe pregou uma peça.
Um dia não muito diferente dos outros, Maryse perguntou mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa:
- Qual o sentido da vida? – Ela não esperava resposta, afinal, acreditava estar sozinha. Ninguém respondia suas perguntas havia anos.
- Amar. – Apesar do susto pela voz conhecida e inesperada, Maryse riu.
- Amar? – Perguntou sarcasticamente enquanto pensava na dor de ter perdido a mãe, alguém que tanto amou. – E qual o sentido do amor?
A voz permaneceu em silêncio. Maryse quase pensou que isso tivesse sido sua imaginação pregando-lhe uma peça. Riu baixinho de si mesma. A que ponto da dor ela chegou para questionar a vida ou o amor?
Minutos depois, quando ela de fato desistiu de conseguir uma resposta, a voz voltou.
- O amor não foi feito para ser entendido, Maryse. Você apenas sente. É certo que ele irá te fazer sofrer às vezes, talvez sempre. Mas é isso que o torna belo. O amor é o que machuca e cura. É o que alegra e entristece. Por mais que o amor que você sentiu por mim tenha te machucado, um dia o próprio amor irá curar. Vai sim ter cicatrizes, mas não irá mais doer. Não tente entender algo que não tem explicação. – Maryse surpresa virou-se imediatamente procurando a fonte da voz, mas viu apenas a fita de cabelo da mãe caída no chão. Seu coração deu cambalhotas no peito e ela finalmente entendeu o que deveria desde pequena: Nem todas as perguntas devem ter respostas. E o amor? O amor é o que é. Um sentimento simples e bonito que não tem explicação e o único sentido é busca-lo enquanto estivermos aqui.