O metal do Dragão
Diziam as profecias saídas das bocas de mais de um templo.
Anunciavam as palavras e o futuro, as dores, as lágrimas, o abismo.
O dragão, travestido de besta faminta, sempre devora aqueles que o desafiam.
Assim é a lei... dos mais fracos.
O metal do Dragão é certeiro. Ele usa sua espada como forma de ceifar a crença.
Usa o seu verbo para enfraquecer a esperança.
Usa seus olhos para adoecer a alma.
Pleno de atributos, explicações e argumentos, anda pelo mundo a disseminar a discórdia, a instabilidade e a indecisão.
Ronda a luz e oferece as trevas e os prazeres mundanos como deleite divino.
Seduz os desavisados, convence os tolos e envolve os vaidosos. Quem sucumbe, inevitavelmente acaba no vale de dor e do ranger de dentes.
Não há ação sem reação no mundo.
Pondere!
A estupidez destroi tanto quanto a espada.
As palavras deformam a perfeição.
A semente da dúvida não pode ser lançada como arma.
Mas há guerreiros e guerreiros e os que acreditam na força que move o universo enfrentam a besta-fera.
Marcas na carne, dores no coração, nada abala a sua fé incondicional.
Transitam pelo mundo por opção e acreditam até o último momento, até o suspiro final, até o fim dos dias.
Um dia até as almas nobres se cansam e são poupadas da dor e da angústia pelos deuses de todas as crenças.
E assim o metal do Dragão fere todos os dias, mas também é combatido da mesma forma.
Luz e escuridão.
Morte e decisão.
Força e recomeço.
Enquanto houver a cegueira e o domínio da vaidade, muitas almas boas se perderão e prestarão contas no paraíso maldito do Dragão de todos os tempos.