A chatice de um mundo sem velhos.
Como seria sem graça um mundo sem velhos, digo velhos, não gosto do termo idosos, acho até uma falta de respeito com o termo e seu sentido temporário que carrega a palavra "velho", tem a conotação de algo do passado, de algo que remente à antiguidade, que volve à memória, já a palavra idoso nos faz lembra o quê? Talvez pessoas envelhecidas, apáticas, aquelas mesmas que muitos fingem dormir nos ônibus em cadeiras reservadas por lei aos "idosos", quando veem um idoso. O termo idoso não me comove, não mexe com minha memória, não me traz nada que mexa com minha emoção, vou exemplificar. Certo dia, estava em casa, escutando Beethoven, era a nona sinfonia, já estava na sua quarta parte, quando minha filha, fruto dessa nova geração, apenas com dez anos na época, falou: "que música de velho, sem graça", passou pelos meus botões neuronais aquele choque, insight, desses que temos de vez em quando, olha só, ela associou Beethoven e a nona sinfonia e toda aquela beleza destinada para poucos, como sendo música de velhos! Percebam bem a profundidade do termo velho e sua significância, o velho tem seu valor, vale ouro, o velho é aquela preciosidade de valores que nos dias de hoje não encontramos mais, quem, nos dias atuais, produzirá uma obra musical que chegue aos pés de Beethoven, que escreveu a monumental nona sinfonia quando estava praticamente surdo, com os pés do piano ao chão e sentindo as vibrações das notas sonoras, para saber em que nota, e em que compasso iria registrar na partitura sua musica genial, contando apenas com a ajuda de sua copista Ana. Onde hoje teremos uma genialidade, e obra musical duradoura como essa? Coisa de velhos, como bem sabemos, nos dias atuais, o que vemos são mega produções de palco e meia dúzia de notinhas instrumentais, e os cantores, poupo os comentários, toda via, voltando ao tema central, referente ao "velho", o mundo seria muito chato sem eles, imagine um mundo sem os velhos, apenas jovens, jovens que cultuam os corpos belos e ignoram os saberes que só o tempo é capaz de esculpir, e o tempo esculpe com o passar dos anos, e os anos esculpe com o passar da velhice, os jovens dos dias atuais podem até obter informações instantâneas, via Google, mas sabedoria isso nunca acharão em seus iPods, Samsungs, Notebooks, e em suas tecnologias, o tempo não sentará para dialogar friamente com tais ferramentas, o tempo aprecia o calor humano e cordial modo de ser humano acolhido pelo abraço gentil de um velho que caminha na praça e se senta no banquinho alimentando os pombos, e ali, admirando o tempo passar, mas o tempo está ali, do seu lado, passando do lado dele, e o tempo se divide para acompanha a existência de tantos simpáticos, ranzinzos, alegres, depressivos, felizes, mas, acima de tudo depositários de saberes, de sabedorias. Ah! Um dia eu ficarei velho... mas na verdade, fico velho todo dia... ilusão quem pensa ao se olhar no espelho pela manhã que acordou mais jovem. Olá! Como vai? Boa velhice á todos vós!