HOJE ACORDEI ASSIM...

Hoje acordei e, olhando no quarto, procurei por mim, não me encontrei. Fechei os olhos novamente. Abrindo-os, procurei novamente e nada...

Na noite dormida, sonhos onde estava eu envolvendo-me com mulheres diversas.

Abri meus olhos novamente procurando-me. Ali eu não estava. Abri a carteira e olhando na célula de identidade, procurei reconhecer-me.

Rebuscando nos alfarrábios do cérebro, andei em vários tempos, tentei ali reencontrar-me. Para surpresa minha, vi caminhos diversos, pessoas diversas andavam indo e vindo. Eram caminhos que imaginei meus e, não eram. Não me encontre!

Continuei procurando.

Troquei a camisa e sai pelas ruas atuais. Sim, atuais por já ter andado em ruas antigas, caminhos já percorridos e, cansados deles estou.

Após vários longos minutos, por distância não calculada, caminhei, esperando em cada esquina, ao dobrá-la, quem sabe, me encontraria.

Não consegui.

O celular tocou, atendi.

-- alô!

A voz do outro lado perguntou-me:

-- Hilton?

Respondi:

-- Não! Não o conheço.

A voz feminina pareceu-me familiar e respondeu-me questionando:

-- Sou eu Hilton, disse-me ela! –

-- Desculpe-me, mas, eu ainda não sei quem sou. – respondi.

-- Ou melhor, eu não estou. Ainda não acordei ou estou renascendo hoje!

Desliguei o telefone e continuei à procura.

Quem sou? Em que planeta vivo?

Continuei e notei que as pessoas passantes, algumas delas cumprimentavam-me.

- bom dia!

-bom dia! – respondia com sorriso franco, mas, sem muito entender.

Acordei, será? - penso eu, mas, irreconhecível.

Viver participando de tudo, de todos, das coisas dos outros, com necessidades gritantes, gente que sofre por seus motivos e, mesmo não querendo eu, tornam-se meus, tornando-se minha vida.

Agora, olhando à frente, com o céu malhado de cores lindas, com as árvores delineando a paisagem, procuro-me.

Por onde andam todos meus amigos? Quem sou, quem são? – Não sei! Não os tenho e se sim, não os vejo.

Viver em lugares diferentes por tempo indeterminado, criando novos conhecimentos, criando ainda, novos conhecidos e, retornando ao lugar anterior, reconhecê-los me é fácil, mas, daí ser reconhecido a distância é grande.

Hoje estou necessitando de quem ao meu lado vive, viveu ou quer viver, venha e ande em mim, vasculhe-me inteiro, conheça parte, pelo menos, do homem que sou; do homem que quero me tornar e, reconheça-me fraco.

Quando fraco me reconheço, na prece calada, procuro ajuda nos amigos sempre perto, distantes à visão que a íris exige.

Sinto-me mais velho hoje!

Muitos anos, muitos vividos e, à cata de frutos, vejo-os poucos.

Amanhã, quem sabe...