Beco Sombrio

Sinto como se tivesse passado por uma tragédia grega, nos "melhores moldes dramáticos de novelas mexicanas", em luto, só que ninguém morreu ainda. Ninguém além da minha alma, que está "enterrada" tão profundamente por debaixo dos escombros que a separam de mim, que eu não sei mais o que eu sou, nem o que faço por aqui.

Costumava ter mais vitalidade e desejava aproveitar os momentos. Hoje, pareço estar soterrada em sentimentos, desilusões, frustrações, sofrimentos, mágoas, decepções e fracassos. Apesar de sentir tudo o que acabei de citar, pareço com um robô agindo no automático. Estou negando o que tenho vivido, como se dessa forma pudesse fugir de mim mesma, mas os demônios sombrios sempre me encontram e me encurralam em um beco sem saída me fazendo lembrar que ninguém pode viver minha vida por mim. Preciso encarar o sofrimento e a angústia, mas quem disse que tenho coragem? Sou covarde.

A verdade é que estou presa naquele beco sem saída, não sei por qual motivo, mas estou lá e por mais que eu grite, por mais que eu peça ajuda, ninguém me ouve. Descobri que meu olhar não é tão transparente quanto eu imaginava que fosse e que eu sou a maior mentirosa da história da minha família, bom talvez não a maior, talvez eu perca para a minha mãe que forjava muito bem uma vida equilibrada e na verdade era tudo ruína. Acho que eu aprendi direitinho com ela. Sei exatamente como fingir estar bem, aparentar estar feliz. Eu julgava essa vida de aparências medíocre! E voilà! Aqui estou eu. Espero não aguardar trinta anos para ter um súbito momento de loucura e mudar o jogo como ela fez, pois não aguentarei tanta infelicidade. Prefiro passar a vez a quem saiba viver de maneira mais digna do que eu e aproveitar a divindade da vida.