A Balança da Lei - Noite no Hipostilo
"E agora eu sou deus!
Olhe no espelho que guarda o seu reflexo e faça o juramento.
Li sua defesa, mas quero ouvir de você a verdade.
Olhe nos meus olhos e dê as respostas reais para todas as perguntas que fiz e que farei.
Não fuja, não desvie o olhar.
Seja franco e sincero.
Lembre-se: para você, neste momento, tenho o poder sobre a vida e sobre a morte.
Pesarei sua fala. Portanto, ainda há opção.
Para que haja justiça, saiba que já sei as respostas, quero apenas saber o quão honesto você é. Não comigo, mas sim, com você mesmo.
A jornada não é fácil. Ninguém disse que seria.
Saiba que não é possível a evolução baseada na mentira.
Não cultue a culpa, ela é o fuga dos covardes.
Nem tampouco, proclame a aceitação de seus erros. Isto seria minimizar o peso deles através do reconhecimento mas não da reparação.
Portanto, seja forte.
Encare este que o enfrenta, que sabe todos os caminhos e conhece todos segredos que você pensa guardar a sete chaves.
Não se cubra da vergonha da dissimulação.
Nem se macule com explicações vazias na tentativa de ocultar a verdade.
Não existem dois lados para um mesmo fato.
Quem assim afirma, está envenenado pela vaidade humana que tenta minimizar os pecados conforme seus próprios valores.
Então sou deus!
O deus que pune conforme a covardia.
O deus que sangra com a opção pela fuga.
O deus que castiga os adoradores das máscaras.
A gadanha que o aguarda, não é a sua liberdade.
Não se iluda.
É apenas a prova de que você falhou.
Para os sinceros, a alegria do poente".