Quebrar o mundo
Hoje eu acordei com a mesma dor de outrora. Aquela velha incerteza que sempre andou comigo, mas que há tempos, não aparecia. É desses dias que parece que o mundo caiu sobre a sua cabeça e todas as suas decisões foram erradas. Todos os amigos partiram, até aqueles em quem você mais confiava lhe deram as costas. E você se sente só. O peso da dor e do sofrer é grande demais e você tem certeza que não suportará terminar o caminho.
Família, amigos, colegas... Para onde foram? Eu não saberia dizer. Sei que nesta madrugada quente de outono, a agonia não me deixa dormir. O suor está grudando meus cabelos nas costas, não há brisa nem som algum. Nem um ruído sequer. O mundo calou-se embora dentro de mim haja uma confusão de gritos e vozes que não consigo discernir. O que querem? Não sei. Há vozes que me gritam por determinação. Outras que me acusam. Outras ainda sussurram, sibilam, martirizam.
Olho para o céu. Até ele hoje está intrigado. Nem lua, nem estrelas. Apenas um manto negro, frio, solitário. Talvez apenas os céus compreendam o que sinto agora. Vontade de quebrar o mundo, tirá-lo de órbita para que algo, enfim, me tire deste torpor.