E adianta?
Escute bem, dizia a velha senhora, para a bela jovem cabisbaixa:
"-Não adianta falar para quem não está disposto a escutar e por favor, definitivamente, algumas pessoas não estão preparadas para ouvir verdades sinceras. Habituaram-se à meias verdades desbotadas, puídas, lastimadamente insanos faz de conta. A sinceridade alheia lhes dói, feito faca, punhal empunhado ao peito frio e lhes causa repulsa. Melhor mudar a estratégia mocinha. Vá por mim, ao longo dessas décadas de 'evolução', não conheci uma única viva alma que aceitasse verdades nuas, cruas, diretas, simples assim. Porque por vezes, doem, incomodam, tiram o rumo, e, cá entre nós, nesses dias corridos, quem é que se dá ao luxo de parar e pensar qualquer outra coisa, além daquilo, do óbvio que lhe convém?"
...a jovem arregalou os belos olhos, depois os aterrizou junto à janela e balançou levemente a cabeça.
Porque era assim, que era, que fora e que, muito provavelmente seria, se ousasse falar, outra vez sobre a outra e mesma coisa.
E assim foi.