"Senhores da Verdade"
A verdade é um construto mental, um conceito particular, um mundo de idéias pessoais que temos acerca daquilo que nos rodeia. Não há verdade em sentido pleno, pois não somos plenos para captar o que assim também o-é.
Há verdades particulares, finitas, focadas pelos olhos de quem vê e seleciona o que quer vê, ainda que inconscientemente. A verdade é um pedaço de retalho selecionado, sim, a verdade é seletiva; e quem seleciona o que vai chamar de verdade o faz a partir de condicionamentos íntimos - e a verdade plena vai em descrédito mais uma vez.
Os "senhores da verdade" são donos apenas de suas próprias verdades, pois a verdade do outro é diferente. Mas isso não basta: hoje todos desejam matar a pluralidade e fazer com que o próximo louve somente o ponto de vista que lhe está sendo oferecido, nada mais.
Parece ser ofensa dizer que temos nossa própria verdade, nossa própria opinião, que não precisamos que religiões no conduzam, que políticas coletivas nos guiem, que idealistas nos induzam. Verdade é individual: cada um tem a sua, ou deveria ter.
O sistema social coletivista ao extremo às vezes mata a diversidade e nos faz ser ovelhas de um só rebanho de alienados, manipulados por ideais que não são nossas, mas que julgamos ser, tamanha a sutilidade do bombardeio que sofremos diariamente.
Hoje a maior venda é a de idéias, está cada vez mais difícil conceber a nossa, sem percebermos alguém nos inculca algo na mente que julgamos ter sido gerado de nós, mas não foi, foi imprimido em nós sem percebermos, é uma grande "matrix".
Já parou para pensar que pode não ser sua a verdade em que tanto acredita?
Considerou alguma vez que pode ser mais uma ovelha de um rebanho alheio?
Imaginou que pode não crer realmente naquilo que julga crer de maneira irrefutável?
Talvez esse seja um bom momento para refletir e derrubar prováveis verdades alheias que se alojaram em sua mente de maneira suave, sem que notasse. Talvez essa seja a hora adequada para romper limites, pois toda verdade tem um limite, e se vive a verdade de outro, também está cercado pelos limites alheios.
Romper Limites. A isso eu chamo de "liberdade", pois embora a plenitude desta seja impossível, podemos escolher: se vou me prender a uma verdade que seja a que eu mesmo decidi construir, pensar, imaginar, idealizar, pois ninguém pode ser livre por fora se está aprisionado por dentro.