Meu último texto para você.
Perdoe-me por estar escrevendo esta carta.
Perdoe-me apenas.
Afinal o que eu poderia fazer, senão escrever?
Dizer ou gritar está fora de cogitação. Eu sequer posso demonstrar da forma certa. Então me restou apenas escrever.
Apenas.
Você pensa que sabe tudo sobre mim?
Todos os meus sentimentos e receios?
Todas as minhas angústias mais profundas?
Você realmente ousou pensar que me conhecia?
Você não pode ver meu coração e alma.
Não pode saber o que sinto.
Não pode saber o que se passa em minha mente. Pobre mente insana.
Nem eu mesma sei dizer-lhe o que se passa dentro de mim.
Talvez seja apenas uma fase. Talvez não.
Talvez eu aprenda a lidar com isso. Talvez não.
Talvez eu sorria pra você amanhã. Talvez não.
Quando eu olhar pra você, por favor não olhe de volta.
E mais uma coisa. Não sorria. Por favor, não sorria.
Eu sempre me determino a pular essa fase, fingir que nada está acontecendo.
Mas a minha mente teima em esquecer de tudo assim que vejo o seu sorriso.
Seu covardemente lindo sorriso.
Chega a ser maldade, tortura.
"Esse é o último texto que escrevo pra você"
Perdi a conta de quantos textos eu escrevi jurando isso em silêncio.
Eu jurei pra mim mesma, inúmeras vezes que não te escreveria mais textos.
Versos.
Frases.
Nem uma linha sequer.
Você nunca vai lê-los. Eu nunca os entregaria a você.
Claro que não! Eu nunca ousaria entregá-los à alguém que não tem um coração puro. Sentimentos puros. Como os meus.
E isso me dilacera ainda mais.
Saber que você não é digno de nada disso.
Não é digno nem sequer de algum pensamento meu sobre você.
Não é digno do tempo que passei escrevendo esse texto também.
Muito menos das lágrimas que tive a ousadia de derramar nesse meio tempo.
Não é amor. Muito longe disso.
Talvez uma paixãozinha passageira. Pura perda de tempo.
Talvez apenas dor.
Estupidez.
Foram gastas muitas folhas, linhas, palavras e tempo, muito tempo para eu poder finalmente expor tudo o que sentia.
E ainda não foi suficiente.
Ainda há um resquício mínimo do que um dia eu já chamei de amor.
Menina bobinha. Tão ingênua. Tão pequena.
Eu era tão frágil quanto aquela plantinha. Dente de leão. Um mísero sopro de vento era capaz de me despedaçar.
Era.
Mas ao guardar tudo isso só pra mim, disfarçando tão bem ao ponto de ninguém sequer suspeitar, eu acabei me dando conta de que sou mais forte do que pensava.
Mais firme. Mais resistente.
Hoje, quando eu te vejo, a única coisa que consigo pensar é em como fui idiota de um dia, achar que você era o garoto certo.
A única coisa que consigo sentir é arrependimento.
Fui idiota de achar que gostava de ti.
E a partir de hoje eu prometo à mim mesma que nunca, nunca mais vou te escrever.
Esse é finalmente o meu último texto.
Meu último texto de dor disfarçada de amor.
Meu último texto pra você.