Escolhi ser radical.

Bom, tenho arruma de coisa no meu s2 que eu preciso falar.

Uma delas é que toda forma de feminismo é válida, ("mas porque? tem umas correntes que são sexistas?" Esses são uzomis chorando e reivindicando suas estrelinhas), como eu sempre falo: ninguém pode deslegitimar nenhuma forma de luta pela emancipação das mulheres- de todas as mulheres.

Não é legal, acreditem, não é legal as tretas por divergências ideológicas entre mulheres que defendem um bem comum: a vida das mulheres.

Quando eu digo que não me preocupo com o sofrimento duzomi, não é porque é divertido, não é porque eu quero matar todos, é porque falta gente se preocupando com o sofrimento e a vida das mulheres.

Não estou preocupada em passar horas explicando para o cara homem cis hetero porque ele tem privilégios em relação a mim, porque eu estou muito mais preocupada em convencer uma mulher que está sendo agredida que a culpa não é dela, da menina que sofre lesbofobia dentro de casa que a culpa não é dela, to muito mais preocupadas em ouvir/aprender com as trans* como eu posso somar na luta. Eu não odeio os homens, entendam, eu só amo as mulheres.

Inclusive porque muitas vezes não me sinto bem com quem defende uzomi "acima de tudo, amém, não podemos ser radicais", por que eu os vi rindo de mim quando falei que debater feminismo é importante, eu os ouvi dizer que a lésbica é lésbica "por falta de pau", eu os vi alisando meninas bêbadas, e perseguindo meninas que desde sempre disseram "não".

É muito difícil entender a importância de rever os nossos privilégios todo dia antes de sair de casa, mas essa prática é essencial para não sairmos apontando, ou nos sentindo "oprimidxs" quando alguém questiona os privilégios que possuímos.

Por isso eu escolhi ser radical (não na corrente ideológica que me formei, mas nas posições) porque eu não aceito que silenciem outra mulher.

Eu escolhi ser radical porque se você quiser jogar merda na casa do seu namorado babaca e eu estiver perto, vou te ajudar.

Porque eu não aceito a taxação de estereotrópios machistas que são colocados sobre as lésbicas, bissexuais/pans e mulheres trans* dentro e fora do movimento LGBT.

Porque mesmo sendo a socialista dentro do rolê das anarcos -antes de me organizar- não abri mão das radicais.

Quero dizer que essa gente que é chamada de radical, feminazista, femista, sexista, e revanchista por alguns, são as que mais me amaram quando eu precisava se sentir bem, quando eu não tinha para onde correr e confortar minha alma, enquanto quem me diz para pegar leve estava me julgando, por isso nunca vou abrir mão de está junto dessas pessoas. Mesmo discordando muitas vezes da minha defesa ao socialismo, nenhuma dessas vezes me interrompeu ou expressou qualquer tipo de negação a minha opinião, entendeu que eu estou em escanteio na sociedade.

Porque além de tudo, escolhi ser radical porque a vida é radical comigo.

B C
Enviado por B C em 07/12/2013
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