Tolos sim, covardes jamais!
Ela veio lenta, sorrateira, disfarçada de melancolia.
Roubou alimento de cenas, imagens, lembranças, ideias.
Se instalou primeiramente nos pensamentos
Depois se tornou mais voraz
Dominou o corpo, a alma, o coração.
Não dá para explicar porque aconteceu.
Não houve um fato isolado ou um planejamento
Ela simplesmente chegou e se instalou.
Plantou dúvidas, levantou questões, jogou palavras ao vento.
À noite incomodou quem queria dormir.
Veio como quem não queria nada
Ficou escondida, usando vários nomes:
cansaço, preocupação, distração, hormônios.
Por fim sua cara apareceu e não era sorridente.
De mãos dadas com a irmã que alicerça seus humores
A tristeza fez e aconteceu.
Livrar-se dela é urgente
Mas aí entra uma prima distante cujo nome não se ousa dizer.
Prova maior do poder que exerce sobre estes pobres mortais
Tolos até sim, covardes? Jamais!