O mal em cada um
Não sabia muito bem como classificar esse texto, seria o começo de uma história que acabou fugindo da minha mente, perdido nos meus arquivos. Então, aí vai.
“Todo homem carrega o diabo no peito. Faz dele seu guia ou seu inimigo, dependendo da sentença que a cabeça lhe oferece. Homem nenhum quer virar os olhos para dentro pra não dar de cara com o dito cujo, o qual amamenta desde pequeno com suas maldades inocentes. É mais fácil e seguro apontar para o diabo que está dentro dos outros. Eu nunca fui de fazer o que os outros fazem, portanto deixei-me olhar para minhas entranhas a fim de ver se o bicho estava mesmo lá. O ruim não é quando a gente consegue enxerga-lo, mas quando ele, todo maroto e contente, olha de volta pra gente. É aí que a alma dá um nó, a mente foge e se encolhe em sua escuridão e as tripas, coitadas, nem tempo de reagir ela têm, porque aí o desgramado já as tem todas apertadas nas mãos. Eu olhei e vi, e então enxerguei, mas só muito tempo depois entendi. Entendi que os olhos dele eram os meus, e maldade dele era a minha maldade, meu egoísmo, minha mesquinhez, meu medo. Quando olhei de volta pro mundo, já não era mais o mesmo. “