Quem tem medo de morrer escolhe ser feliz
É meu amigo, basta flertar com o medo sobre a brevidade desta existência física que surge a balança para pesar a vida.
Não precisa de muito para tirar a paz e fazer subir o trabalho nas artérias.
Eu que o diga. Hoje meu sangue agitou o esfignomanômetro e depois de três medições, não teve jeito, a pressão estava alta.
Talvez pelo estresse que antecedeu o exame médico.
Talvez pela imaginação que corria solta e já antevia algum mal invisível e sorrateiro que pudesse abreviar meus dias de botões de rosa e café a sorrir nas manhãs preguiçosas oferecidas para sempre.
Sei lá.
O fato é que no mínimo tenho que diminuir o sal.
E também tenho que comer melhor, dormir mais, me irritar menos com as coisas bobas do trabalho e todas as bulas e receitas que todo mundo sabe, mas poucos aplicam.
Depois de uma hora ouvindo sobre tudo o que eu poderia melhorar, me peguei com várias guias na mão com siglas e linguagem dignas de filme de ficção: FSH, LH, GHI, CA 125, TGO, TGP, T3, SVC e tantas outras que me fizeram sentir, no mínimo, uma mutante.
Mas no fim, o que me levou àquela sala verde pistache não era nada grave e eu respirei com o alívio típico de quem imaginava uma sentença e teve a pena retirada.
Pode coisa mais tola?
Claro que não!
Mas tolo mesmo é perder tempo enquanto a velha amiga de veste escura afia a gadanha. Isto sim é de dar dó!
De volta ao mundo dos vivos, me peguei até feliz com a dor de cabeça, agora amigável.
E de repente, me deu uma saudade enorme dos problemas de casa, do barulho das crianças, da bagunça na vizinhança e do sorriso enorme de fazer feliz todos os dias.