Gesso ou rédeas curtas
Aos quatro anos caí dum pangaré; 'inda hoje, sempre que danço (quase) demais, um pé (quase) torto acusa o machucado.
Talvez se apaixonar seja que nem queda de cavalo raceado e arisco: uns quebram o braço, outros, por lesão gravíssima na coluna, fazem-se tetraplégicos... tem até gente que quebra o pescoço - esse tipo, é lógico, morre!
Mas há os que (bem destros, por certo) deslocam tão somente o dedo mínimo da mão contrária... E uns afortunados(?) que se levantam como se os músculos - e os nervos - e a memória - não doessem, todos, o sorriso-que-esconde-o-constrangimento estampado na face lívida...
Desses não guardo inveja: propensa a quelóides, carrego marcas anti-estéticas - éticas, porém. Umas escondo porque posso e devo; de outras, fiz poesia.
Cavalos e paixão (pura ou mestiça, feito os animais) são para quem tem coragem e os sabem. Por ambos tenho respeito: nunca mais cavalguei.