Dois Passos

Sente o vento se entregando ao momento

A oportunidade única de sonhar acordado

De estar perdido sem se querer achar

Precisa desse segundo

Como a formiga precisa das folhas caídas

E a árvore da chuva de verão

Recosta-se confortavelmente na cadeira de pedra

Pois já preparou sua cama

Com vidros quebrados para se deitar

Sua maleta de desejos está vazia na cadeira

No papel desenha linhas perdidas

Que não fazem nenhum sentido aos olhos

E as palavras não saem, estão trancadas

Dificultando o final daquela frase

Com mais dois passos já percorreu sozinho o mundo

Atropelando todos os sentidos

Como se já não precisasse mais deles pra sentir

E até no piscar necessita se concentrar no tempo

A cada mundo construído

Outra história é conta contada

Sem saber qual foi o final da última

Como um círculo vicioso

Da repetição constante da vida

Diferente da serpente que mordeu o próprio rabo

Muda a direção em busca de um atalho

Que o leve na direção oposta

kdu
Enviado por kdu em 19/08/2013
Reeditado em 19/08/2013
Código do texto: T4441381
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