Não...
Não tenho que jogar truco gritando
Não tenho que pular para curtir uma boa musica
Não tenho que me vestir de preto e ter tatuagens para ser roqueiro
Não tenho que me preocupar com rimas só porque isto parece um poema
Não tenho que gritar "gol" para dizer que estou torcendo
Não tenho que gritar "Brasil" para ser patriota, ou amar meu país
Não tenho que olhar para vadias para dizer que sou homem
Não tenho que fechar os olhos para orar
Não tenho que procurar palavras difíceis para escrever um bom texto
Não tenho que procurar palavras difíceis para me sentir mais culto
Ou melhor que alguém
Já o sou sem qualquer palavra
Não tenho que ler milhares de livros para ser um escritor
Nem mesmo mudar minha face para me sentir um
Não tenho que beber ou fumar para me sentir social
Ou melhor, não tenho que ser social
Não tenho que amar uma cultura que não existe
Não tenho que amar um país que é tudo menos um país
Só porque nasci nele
Não tenho que amar os humanos e crer neles
Se no fim a morte é a única coisa que presta neles
Não preciso apoiar um povo, ou povos, tão bandidos quanto seus governantes
E são todos, sem exceções
Não preciso estar dentro de uma igreja para ser cristão
Até porque é o que menos se encontra lá
Não preciso ser inglês para amar o melhor futebol
Nem japonês para amar as melhores animações
Nem americano para amar os melhores filmes
Não preciso de padrões
Não preciso de direitos iguais
Até porque o dia que me provarem que são iguais a mim
Eu me mato
Ou melhor, que eu sou igual aos demais
Melhor é ser inexistente, ninguém,
Do que deixar que qualquer doutrina, regra, padrão,
Venha a me subjugar.
Não!