Viagem
Sabe o que eu queria, de verdade. Era poder viajar, mas não para este ou aquele lugar. Para um lugar diferente, aquele sei lá, sem nome ou onde ninguém quer está. Viver sem problemas, sem responsabilidades, abrir os braços e sentir a liberdade se libertando de mim. Passear por aí, e talvez por aqui, sem destino, sem o “passar” do tempo, bem que ele poderia congelar. Que congelasse! Aí eu poderia dizer tudo que desejasse, fazer tudo que sonhasse, conquistar tudo que idealizasse ou então, somente viver. Mas não, o jeito é continuar andando, seguindo, sem medo do desconhecido, convivendo com os segredos, aqueles que não podem ser guardados, por isso nunca foram ditos, que afligem a humanidade. Mas em meio a tudo isso, a única sensação que quero ter é de ter tudo e nada, de viver tudo esperando o nada. Viver a simplicidade da vida, sem grandes expectativas, pois sei que um dia vai acabar, e sei que vou poder lamentar. Essa viagem poderia durar para sempre, mas sinto muito dizer, ela não vai. Acabou de acabar.
(R. Sousa)