A feira de nossas almas
É uma feira livre. Frutas e verduras para todos os lados, de todos os tamanhos, de todos os formatos.
Poderia ser nossos pensamentos, sentimentos. Nossa vida.
A redonda maçã tem casca vermelha, algumas mais escuras, outras mais claras. Algumas são doces, outras um pouquinho azedas, como nossos corações, todos vermelhos, de paixões e da doçura da caridade, mas há também os que escurecem com o azedo ódio.
As amarelas bananas dão o ar da graça e nos remete as barras de ouro. Mas não são amareladas sempre, elas passam do tempo, escurecem e vão se embora, assim como o amor pelas fortunas nos levam para diante das trevas.
Os cachos de uva verde são deliciosos além de muito sensuais. Quem não se irrita com o gritar dos feirantes quando está imaginando uma linda moça colocando uva por uva em sua boca?
Feirantes. Uma pausa para descrevê-los. Geralmente sujos, com gritos que incomodam qualquer ouvido. Querem vender a qualquer custo. Assim, como a qualquer custo um homem quer levar uma mulher ao altar ou para cama. Vendem frutas em lugares muitas vezes sem higiene alguma, mas vendem. É que importa para eles.
Voltemos as frutas. E o maracujá? Como é bom e gostoso o misturar do maracujá com algumas gramas de açúcar. Bom para acalmar os nervos, como o cafuné de carinho de uma mãe. Gostoso pois adoça com acides o nosso paladar, como um pai com dura correção aprimora o caráter do filho.
A melancia é puro peso. O peso de muitas águas. Doce. Molhada. Cheia de caroços, o que para alguns é horrível. Cada caroço é perda de tempo para quem está saboreando, assim como cada dificuldade é um atraso para quem saboreia a vida.
São varias as frutas que são vendidas, assim como são varias as verduras. Qual criança que não prefere pular esta parte? São ruins que só. Mas mal sabemos nós, que não cozinhamos, que são estas verduras que muitas vezes dão um sabor a mais no que comemos, assim como os receios que temos durante toda nossa vida são o que nos faz dizer que: venci mais uma feira.