Inexistente
Sempre me orgulhei de meu nome,
Como meus pais decidiram que eu fosse conhecido,
“Vem cá... B...”
Meu nome falado por completo, então,
O som das silabas bem ordenadas
Da sigla tão uniforme
Trouxe-me a autopaixão.
Até que eu descobri.
Não me é suficiente.
As ideias do meu mundo expandiram em mim
Não consigo suster tudo dentro de meu corpo
Dentro de meu nome
Talvez o último ato pensado diante de minha loucura pensante
Como explicar?
Um ator não cresce dentro de seu próprio nome
Dentro de seu grande “eu”
É preciso a autonegação
Desistir de quem é para ser tudo que quiser
Homem sendo mais puro que mulher
O bem desenhando o verdadeiro mal
O rosto rasgado, e na fresta,
O nascer de outro ou outros “Eu´s”.
Não há expectativa de crescimento no que já se faz crescido
É preciso não existir
As regras da vida já são definidas
Mas e se voltássemos a não existir?
Reiniciando as chances da existência
Os sonhos subocultos provem do já criado
Do “real”, realidade.
Quem pode criar algo do nada?
Os mundos fantásticos, criados,
Possuem filhos de Eva
Não provem do nada.
Minha busca começa a ter forma
Os moldes da inexistência.
Sem regras, sem parâmetros.
Sem meu próprio nome.
“Nada é Verdade, Tudo é permitido”.
Disse alguém, um dia,
Regra e parâmetro
Eu sei
Do não haver
Para a criação de todo haver.
Marco zero
Meu e de tudo que ei de escrever.