Culto à Memória

Uma coisa que sempre me fascinou nesta existência enquanto ser humano é a Memória. Concordo que, muitas vezes, ela se mostra cruel e traiçoeira. Traz à tona lembranças desagradáveis. Mas acredito que, se estão ali, ainda vivas em nosso pensamento, é por algum motivo suficientemente forte, já que tudo o que foi insignificante acaba caindo no abismo do esquecimento; ganho de experiência, talvez.

É a Memória que vai possibilitar, daqui a alguns anos, quando o Tempo já houver exercido sua função, que contemplemos nossa face enrugada no espelho e enxerguemos a criança bem disposta de outrora... Tempo e Memória, duas divindades, tenho certeza! E que andam sempre juntas – pai e filha, talvez, já que esta não existiria sem aquele.

Sou sincero ao dizer que não tenho receio da morte; mesmo assim, quero viver mais – o suficiente para deixar minhas marcas em quem assim me permitir. Aceito-me enquanto mortal, mas abomino a possibilidade de ser esquecido. Enquanto houver Memória, serei eterno para aqueles que nela me guardarem.

- Ao Tempo o meu eterno espanto; à Memória a minha eterna gratidão.

Publicado originalmente no blog pessoal "Devaneios na Ponta do Lápis": http://devaneiosnapontadolapis.blogspot.com.br/