PROCURO POR CRIANÇAS
Ando pelas ruas de minha cidade com o olhar atento. Procuro por crianças jogando bola, correndo umas atrás das outras com os cabelos ao vento e suor escorrendo no rosto. Procuro por semblantes risonhos, despreocupados com as preocupações dos adultos, procuro por simplicidade. Procuro ainda por choros gerados por joelhos esfolados, por frustração que outra não seja, além do fato de bonecas e carrinhos quebrados.
Não encontro. Elas estão dentro de casa. Não é a oportunidade do convívio familiar que as torna cativas de paredes. O que as prende são o computador, a televisão e vídeos games...
Procuro por mães e pais ocupados com seus filhos. Encontro-os ocupados com as mesmas coisas com as quais seus filhos estão, mas longe deles.
Procuro por infância de outros tempos. Procuro por pais como os de outros tempos.
Não encontro o passado que trago dentro de mim. O presente está diferente, parece-me futuro.
Eu me procuro e não me encontro em lugar algum. Não, não estou perdida. Estou apenas só, porque ninguém tem tempo para brincar.