Da vida e do viver.
Somos engraçados, nós, seres humanos. Em nossa brincadeira que chamamos de vida, achamos certos nossos princípios, dogmas e paradigmas, enquanto ignoramos todo o resto da existência, todas as mentes e pensamentos que concorrem contra os nossos.
Tentei escrever um poema sobre a alma em uma maquina de lavar. Estranho mas necessários, lavados de nossa própria realidade que insistimos em firmar e construir ao nosso redor, seja lá qual seja ela, criando nossas crenças, medos e gostos, um redemoinho incerto de caos que procura um significado.
E há significado?
Há quem diga que sim, há quem diga que não, eu já não sei ao certo. Noites escuras e dias quentes mechem com a cabeça de qualquer ser humanos, nossa realidade criada é transformada pelo nosso ambiente, ambiente que as vezes a sufoca e não a aceita, e nos transformamos em nosso ambiente. As vezes é o contrario que acontece. Mas ainda assim, sem sentido algum a primeira vista.
Deixe estar, diriam, a realidade se fazendo e desfazendo, se gastando em nenhuma importância, um sonho lucido que se perde em memórias já a muito distorcidas. Sem rumo ou destino, sem nada a ser cumprido ou alcançado. Ah, se pudesse, o que faríamos? Se pudéssemos ao menos sermos nós mesmos, em busca do que sonhamos e desejamos.
Nossa realidade não é bem nossa, nós muito menos somos os nossos proprietários. Nem pertencemos a nós mesmos, o que dirá de todo o resto? Empresa, família, tudo o mais, somos o que somos ou o que nos moldam?
Divagações sem sentido de uma noite quente, o cérebro como em um micro-ondas em uma cafeteria na happy hour. Deixe fluir, diria Natalie Goldberg, deixe as palavras saírem como uma chuva forte. Aí estão, todas elas, apenas para mostrar a todos nós, e principalmente a mim mesmo, como perdido estamos em nossa própria realidade.
Meia noite de mais um dia que começa, mais um inicio de uma repetição. É verdade o que dizem então, sobre nós, sobre o que somos hoje. Será, somos então apenas pessoas repetindo o que é necessário para a gigantesca e colossal maquina da sociedade funcionar? A individualidade perecendo na pitoresca caminhada da história, que se repete em eras diferentes, com roupas e costumes diferentes, mas que no final refletem a mesma coisa.
Somos, mas desejamos não ser. Quem não é, deseja ser. Desejos ilimitados da cobiça humana, que nós leva a um ciclo infinito de busca inalcançável de sonhos irrealizáveis. Tamanha abstração sem conclusão.
Tome um tempo, absorva o que lhe disse. Será que faz sentido para você? Definitivamente algum sentido faz, mas talvez nem pra mim isso faça. Estou escrevendo para alguém e espero que seja para você, posso continuar?
Palavras repetidas apenas exaltam a rotina do cotidiano, que me fazem lembrar a cerveja ruim e barata, quente ainda na pequena garrafa, que repetidamente torna as pessoas embriagadas, apenas para lidar com esse problema do qual sofremos. Sem saber o que buscar, como moscas que apenas voam em direção da luz. Ao menos se soubéssemos o que buscar, nossa luta não seria tão inútil.
Veja, se colocássemos tudo em uma nova moldura, até mesmo a antiga pintura pareceria uma obra de arte. Mas o que fazemos, senão o contrario?
Sinto que este é o fim do pensamento, não sei onde chegou ou se havia lugar a chegar. Acredito que esse texto, como a vida, seguiu seu próprio rumo. Buscando por algo, sem saber o que, sem o encontrar e ficando, enfim, sem proposito.
Citando Douglas Adam “Desculpe-nos pelo incomodo.”