Quem saiu ganhando com minha raiva foram as formigas e minha alma.
Irritado com mudanças sem sentido no meu trabalho, com fome e cansado, somando a isso um tremendo desanimo com minha atual situação profissional, no intervalo de um expediente decidi comprar um saco de batata frita, para desestressar. Acompanhado de um amigo, dividi as batatas com ele, conversando sobre nada de extrema importância, contendo a minha raiva e descontentamento, evitando reclamar muito da vida.
Quando ele me passou o saco de batatas, ela escorregou e caiu no chão, espalhando algumas batatas. Aquilo não me irritou nem me chamou a atenção, apenas deixei pra lá e seguimos a conversa.
Já a noite, durante o ultimo intervalo, voltamos ao lugar que estavamos e vimos as batatas cobertas de formigas, que atacavam as poucas batatas em grupo enormes. Algumas tentavam passar uns pedaços relativamente grandes entre uma pequena fenda na parede que mal cabia um grão de granola. Uma delas, vitoriosa, conseguiu pegar um pedaço pequeno o suficiente para caber na fenda, parecia feliz, era a que se movia mais rápido.
Enfim, isso me fez pensar. Se não fosse uma série de fatores acontecendo em sequencia perfeita e harmoniosa, aquelas formigas não teria uma janta tão farta, ainda mais que sempre sentamos para conversar em um canto que outros funcionarios não costumam passar o intervalo.
Graças a minha frustração e meu nervosismo, aquelas formigas jantaram e jantaram bem, a loja de conveniencia vendeu seu produto e enganamos a fome pelo resto do dia de trabalho.
Isso apenas me mostrou, mais uma vez, o que acredito sem duvida alguma; nessa vida não existe coincidencias, apenas o inevitavel plano divino.
Foi uma coisa tão banal, mas tão magica e tão inspiradora que me fez perceber que em pequenos detalhes, até mesmo em um tropeço, o mistério de Deus se mostra ali, perfeito e harmonioso.